Bardo e o budismo
O budismo é uma religião indiana elaborada a partir dos ensinamentos de Sidarta Gautama, um príncipe que vivia plenamente e isolado com a alta casta da sociedade em seu castelo. Esse príncipe um dia saiu de sua moradia e se deparou com todos os males da humanidade, a fome, a doença, a velhice etc.
Ao voltar para casa após um longo período de reflexão, o príncipe decide por abandonar a sua vida de nobre e ir conhecer o mundo, essa trajetória resultou em diversos processos de iluminação espiritual, ética, religiosa e fez com que esse homem — uma hora príncipe — fosse conhecido como o Buda.
A religião budista parte dessa figura histórica, tem caráter filosófico e não teísta, surgiu na Índia Antiga como uma tradição ascética entre os séculos VI e IV a.C, permanecendo até hoje e sendo difundida em todo mundo, inclusive tendo adeptos no Brasil e sendo representada por diversas figuras de diversas linhas do budismo, a mais famosa atualmente sendo a Monja Coen.
A tradição budista envolve diversos textos registrados mas, também repassados através de uma tradição oral, como os cânticos e os mantras. Além de lições éticas e relatos históricos, o budismo se ocupa da relação do ser humano com a iluminação e isso envolve os ciclos da vida, os quais todo homem está submetido, é nesses ciclos que o conceito de bardo entra e é isso que vamos relatar nesse texto. Vem com a Bardo Company!
O processo de ciclo da vida no budismo
No budismo uma das maiores missões (se não a única) do ser humano na terra é atingir a iluminação (o Nirvana para os budistas), contudo, o processo para que essa iluminação seja atendido tende a ser tortuoso, levando o sujeito em questão a lidar com os males da sociedade humana, sejam aqueles que estão arraigados em recursos materiais ou os que tangem a condição de existir do humano, como os sentimentos e emoções.
Poderíamos pensar no processo de ciclo como sendo o nascimento, infância, adolescência, vida adulta, velhice e morte, como tantas outras tradições espirituais e filosóficas pensam e produzem saberes sobre. Essa percepção não está errada, na realidade engloba uma parte do que o budismo aborda, contudo, o que diferencia o budismo é a sua ótica sobre a reencarnação.
Chamado de Samsara, o ciclo da vida pode ser descrito como o fluxo incessante de renascimentos através dos mundos, experimentado pelos seres sencientes. Na maioria das tradições filosóficas da Índia, incluindo o Hinduísmo, o Budismo e o Jainismo, o ciclo de morte e renascimento é encarado como um fato natural, se assemelhando no Ocidente ao Espiritismo.
Neste processo de samsara e de transe dos seres sencientes pelo mundo é que se fala sobre o bardo, na realidade sobre os bardos, ficou confuso? A gente te explica 😉
Os seis bardos no budismo
Para o budismo os bardos são processos intermediários entre a vida e a morte e são divididos em 6 (de acordo com a fonte pesquisada esse número aumenta ou diminui, isso ocorre devido aos processos de disseminação da tradição), sendo eles:
Bardos no plano da vida:
- Bardo de plena consciência: Rang bzhin Bardo: é o bardo do estado de uma consciência desperta comum.
- Bardo de Meditação: Bsam gtan Bardo: bardo alcançado no estado de meditação profunda.
- Bardo de Sonhos: Rmi-lam Bardo: bardo do estado de sonho durante o sono normal.
Os 3 bardos do plano pós-morte:
- Chikhai Bardo: bardo do momento da morte, é onde os acontecimentos psíquicos perpassam o sujeito e onde ele tem a primeira experiência com a “Clara Luz Primordial”, manifestação da iluminação que diz respeito ao Nirvana e que se apresenta de acordo com os princípios culturais de cada um.
Quando o sujeito passa por esse bardo ele tem um vislumbre efusivo da essencialidade da consciência.
- Bardo de experimentar a realidade: Chönyid Bardo: bardo da experimentação da realidade, estado onde ocorre os sonhos que começam logo após a morte, é nesse bardo que as “ilusões cármicas” decorrentes das ações, pensamentos e experiência de vida da pessoa, começam a aparecer no universo onírico.
- Bardo do renascimento: Sidpa Bardo: se refere aos impulsos e desejos de renascimento e aos estados psicológicos pré-natais.
Existem práticas meditativas que possibilitam as pessoas a experienciar percepções vividas nos bardos acima.
Desse modo, conseguimos perceber como ocorre a relação entre os bardos e o budismo, envolvendo em si um processo de evolução espiritual e abandonando a ignorância o ser senciente passa por todos esses bardos e reencarna com uma nova bagagem, até atingir a sua autonomia, desse modo saindo do ciclo da samsara.
Os bardos e a figura mitológica do bardo do budismo
Quem acompanha os textos da Bardo Company sabe que falamos bastante sobre o bardo por aqui, já falamos da figura mitológica e agora trouxemos mais esse “boom” de informações sobre a relação do bardo com o budismo, isso só demonstra a pluralidade que essa palavra tem na história humana e diz muito sobre nós.
Para acessar estes textos e saber mais sobre a nossa visão do bardo, acesse a Bardo Company e aproveite para dar aquela navegada pelas nossas bebidas, vá agora mesmo!